dez
05
Condomínio Sustentável

Os graves problemas de segurança, inadimplência e outros que ameaçam os condomínios colocaram em segundo plano a questão da sustentabilidade no segmento? Pode ser. A pergunta se já é possível construir o condomínio sustentável de nossos sonhos  continua, por enquanto,   sem resposta.

O fato é que, no Brasil,  esse ideal tão nobre encontra  obstáculos  motivados de formas diversas. Entre alguns senões, o próprio conceito de sustentabilidade permanece um tanto vago e polêmico. Estamos ainda embriagados com nossos antigos ideais de superação e crescimento ilimitado. Fica difícil adotar e compreender um novo conceito que, de certo modo, contradiz o que sempre fizemos com alegria: consumir, substituir, desperdiçar. Essas práticas estão ainda no cerne da chamada “vida civilizada”. Integram nosso inconsciente coletivo.

O “custo ambiental” de nossa atividade econômica premente permanece nas alturas e pouco fazemos para mudar o rumo. Na verdade, não sabemos como. Fala-se da encruzilhada em que a atividade econômica caiu: temos força para mudar aquilo que sempre foi nossa meta de crescimento e superação? Se não conseguirmos mudar, a meta sustentável não tem como prosperar. E os condomínios refletem, no momento, um certo desinteresse geral por essa meta. A coleta seletiva do lixo nessas comunidades, ao que parece, infelizmente, entrou em ponto morto, tão pouco se fala do assunto. Coleta seletiva não é exatamente um fim lucrativo e os órgãos públicos precisam estar à frente dessa atividade que resulta lucrativa, e muito, para todos, mas o lucro coletivo parece difícil de entender. A coleta seletiva é uma causa que persegue esse “lucro coletivo” e aí se encontra a dificuldade num sistema onde é cada um por sí.  A  recente enxurrada tecnológica  ajudou a tornar tudo ainda mais rápido e descartável no curto prazo.

No olho do atual  furacão digital, que  torna obsoletos não apenas os produtos, mas também as pessoas – continua incerto  o ideal da sustentabilidade. Os síndicos e corpo diretivo dos condomínios precisam retornar ao tema com nova energia. Práticas ambientais precisam voltar a ser destaque nas assembléias. A regra de ouro é reaproveitar o que tem valor e o que merece uma nova rodada de consumo. A onda do ecologicamente correto tomou conta do mundo. Não é um modismo. É  vida ou morte. O primeiro mundo, como de hábito,  saiu na frente, mas ele também depende do que ocorre em países do terceiro mundo,  abaixo e acima das linhas de pobreza. Não é um modismo, é certo. Mas está precisando de um empurrão.

Hubert Gebara é vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP e diretor da Hubert.